AMARGURA E ESPERANÇA
Vai minha poesia,
buscar nos limites do mundo a lâmina com que ceifar a amargura que me cerca,
Vai e traz contigo de volta
o brilho apagado dos meus olhos pela névoa da solidão,
Traz outra vez
o riso fácil que habitou meus lábios e a sagacidade em meu pensamento,
Busca minha fé perdida
entre as centenas de orações não atendidas ou esquecidas por Deus,
Rompe o silencio
das minhas noites insones com a paz dos noturnos de Chopin.
Seca minha poesia,
o pranto morno que me brota d’alma e banha meus dias,
Leva de mim essa desesperança,
essa angústia e essa mágoa grudadas em meu peito como polvos asfixiando o meu perdão,
Planta minha poesia,
uma nova semente que germine um sonho tão perto da realidade,
Do qual eu nunca seja capaz de despertar.