A PESCARIA

Há um ano atrás, havia levado meus sobrinho a uma pescaria. Era a primeira vez que ele fazia isso. Estávamos felizes. Jamais me esquecerei de seu primeiro peixe fisgado. Era o maior de todos. Após a pesca, sempre saltávamos os peixes de novo para a lagoa; afinal, era um pesque-e-pague, mas não queríamos pagar pelos peixes, apenas queríamos pescar.

Meu sobrinho tinha quatro anos de idade. Fico imaginando como deve ter sido para ele a pescaria. Qual lição aprendera com isso? Pois pescávamos e soltávamos os peixes. Há alguma lição nisso? Nem eu e nem meu sobrinho pensava sobre como seria a vida do peixe que era solto após a pesca. Deve ser ruim viver com a boca ferida ou viver para ter a boca sempre ferida. Não pensávamos nisso. Queríamos apenas pescar.

Um ano se passou. Muita coisa havia acontecido; já não via graça em pescar e nem pensava na hipótese. Porém, meu sobrinho não esquecera da sensação que teve. Um ano para uma criança é apenas um ano, mas para um adulto, um ano faz muita diferença. Toda vez que meu sobrinho me via, ele sempre falava da tal pescaria. Uma criança nunca esquece de quem a fez feliz! Bem diferente de nós adultos.