CANTA SABIÁ CANTA
O sabiá canta, canta, canta sem pará
Numa maistria singulá gurgêia triste o solitário sabiá.
Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá
Ele sempre aparece lá in -casa!
Da pitêra vuô pra laranjêra, dispois posô na úrtima régua do currár
Paricia afoito, disorientado, mai-seu sembrante cansado num t'impidia cantá
Cantô tanto qui paricia não suportá o peso das próprias -asas
que di-tão pesadas arrastavam ao chão
O sór tava memo a assolá o sabiá que insistia cantá
Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá
O tempo era de seca, seis mêis qui num chuvia, a coisa tava feia nem brisa nem ventania, o ar tava parado as fôia nem mixia
e no arto dos serrados arado ocê num via
O fogo in -labarêda consumia matas em preservação
morreu cobra, macaco, canário, jurití, inté azulão
Os qui iscaparo tivero qui ritirá, tristes da vida como aquele sabiá
Manda chuva sinhá... manda chuva sinhá... manda chuva sinhá
Passava de trêis e meia condo o tempo foi fechano
inhantis das quatro da tarde o sóle já tava entrano
O sabiá curioso pru cér ficô ispiano
o revorto das nuve qui dipressa vinha chegano.
Desta veiz bem mais animado vuô pra grimpa du laranjár
D'onde assistia a vaca maiada desceno para o currár
a cabra montês com sua cria, que dava sarto de aligria e
festejava a chegada daquele tão isperado dia.
No chão moiado criscano os pézin, curria riscano as-asinha
brincano e pulano iguárzin minino macho
filiz da vida, agora sem supricá:
“Manda chuva sinhá”!!!