Meu Mundo Em Dois Turnos
Nada pretendo além do horizonte que alcanço. O formidável também se revela nas mais sórdidas iniciativas, onde palavras se curvam ao inferno dos nossos momentos mais insanos.
Os meus momentos não foram diferentes. O temporal agiu audacioso, quando dos belos sonhos eu sonhava. Quanto aos pesadelos, todos me presentearam enquanto eu tragava o fel das desilusões. Se curvasse a esquina e avistasse a luz onde eu pudesse viver a brandura de alguns minutos, então nada seria em vão.
Uma única vida para cuidar de tantas mais. Muitas vidas, para massacrar até o fim, cada pulsação do meu peito.
Guiada pelo desatino, eu transbordava bondade. Sobre fúria, eu massacrava em perdão. Não ofuscava as cores quando as flores desabrochavam. Minha visão era negra em contraste com os raios do sol.
A mágica se desenvolvia em nuvens de espetáculos, enquanto embalava só, vidas de inocentes chorosos. Olhos de cristais se exaltavam em cobranças. Em meio seio não havia fartura, mas, saciavam em abundância.
O tempo passou, e quando eu busquei afago, afaguei mais que pude. Na minha insanidade brinco como criança, e supero a velhice através dos sonhos tardios.
Descrevo a bela praça e os encantos da velha mocidade que eu nunca vivi, e me esbaldo embebida nas lembranças.
Agora eu faço ciranda, pulo corda. Canto cânticos de ninar para meus bebês rebeldes, enquanto passam por mim sem avistar-me. Estou acordada na calada da noite, todos os dias. Neste turno represento o que sou e aponto o máximo do que faço. Aqui, abraçada em mim, sei que não estou tão só, quando dos meus braços e das minhas mãos, sinto afago, que surgem nas minhas palavras sinceras. Neste turno sou senhora do meu destino. Dona de qualquer situação, sobre quaisquer razões.