Familiar Abismo

Na hora mais escura da noite mais escura as sombras se juntam...

O abismo é o mesmo,

quem mudou foi o homem.

Quem mudou fui eu.

os pesares são os mesmos,

as palavras finais são apenas ligeiramente diferentes.

trechos diferentes da estrada,

coincidentemente semelhantes.

A mesma angústia, a mesma ansiedade, o mesmo vazio... Casas diferentes.

Acumulo mágoas como acumulo mulheres.

Acumulo amores, porres, ressacas, frustrações, romances descabidos, términos dolorosos, garrafas quebradas, corações partidos.

São ciclos...

No fim de cada um deles, volto ao mesmo ponto

ao mesmo abismo.

Sempre um pouco diferente.

O precipício não muda,

quem muda sou eu.

Olho para baixo,

Juntam-se as sombras assim como se juntam as lembranças.

Um aglomerado de piche, sorrisos, tristezas e passado...

tudo tão familiar...

Quantas vezes estive aqui?

Não sei.

Quantas vezes retornarei...

acredito que muitas ainda.

- Esta não será a ultima vez -

Ouço minha voz ecoando pelo abismo.

- Não será a ultima vez -

O abismo quer que eu pule,

Meus pés hesitam.

-Não hoje, Não agora-

Muitas tragédias ainda me esperam

Muitas paixões, muitas noites em solidão,

muitas páginas em branco ainda anseiam pelos meus pensamentos.

Escreverei ainda muitos versos

espero.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 13/03/2013
Código do texto: T4185499
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