'Existem horas que me perco. Olhei-me no espelho e me desconheci. Certamente essa imagem que vejo no espelho não sou eu. Não quero esse rosto triste, esse olhar embotado pelo tempo, vago. Cerro os olhos numa tentativa de reencontar-me e nada. A imagem continua triste... Tento então relembrar aquele outro rosto que perdi nas estradas. O riso era farto, os olhos eram estrelas que cintilavam até no escuro. A pele era de pêssego. Remexo meu presente à procura do passado. O desejo de reencontar-me torna-se vital. A aceitação do presente quebrando a imagem do passado se mistura. Essa busca esbarra numa realidade. O tempo passou. E como foi bom que não me levou. Cá estou eu não jovem, mas ainda guardo os traços que tanto busquei. Eles estão aqui, e ganharam com a passagem dos anos. Posso somar à imagem já não viçosa, a experiência de lutas e lutas vividas, a calmaria vinda com o correr dos dias, a aceitação dos traços traçados pela estrada percorrida.
Volto a me olhar e me vejo tão mais bonita, tão mais gente e entendo que o moinho do tempo cumpriu sua missão e que foi bondoso comigo. essa que vejo é o resultado de anos e anos de felicidade e tristezas que na realidade consolidaram o resultado tão bom que consigo ver. SOU ISSO E ISSO ME BASTA.