A Môsca Di-alí-alê

Sou de um domingo de núpcias

Feito pra multiplicar

Um ato sóbrio de amor

Me trouxe para bailar

Embora fraca das pernas

Eu vim pra incomodar

No charco onde fui gerada

A vida é uma armação

Até saliva é bem vinda

E as tripas do magro cão

Minha saúde é medida

Nas bençãos da combustão

Eu só queria a virtude

De ser senhora de mim

Poder correr livremente

De Istambul pra Pequim

E afogar minhas mágoas

Nos copos de um butiquim

Sou bela que nem rainha

E fútil como duquesa

E fico horas a fio

Zunindo por sobre a mesa

Venho cumprir um destino

Comer como baronesa

Ai, quem me dera morrer

E renascer no Brasil

Aquí há tanta sujeira

Que o demônio cuspiu

É vomitando em banquetes

Que vejo o que ninguem viu

Quero voltar pra Bahia

Voar sobre um canjerê

Vestida de purpurina

Cheirando que nem dendê

Eu sou a môsca mimosa

Dí-alí-alê