PARTIDA
Minha inquietude não me permite pouso definitivo.
(Aglaure Corrêa Martins)
É preciso ir agora, não há mais o que esperar, há a pretensão de voltar a voar.
Não se sabe se o voo será breve ou longo, se será no mesmo céu ou em novos horizontes, é preciso apenas voar, alongar as asas e agitar as aselhas...
É necessário partir nesse momento levando consigo os pensamentos, todas as lembranças e sonhos.
Nada é proposto nem imposto, é composto.
Voar para lavar as cicatrizes...
Levar a esperança...
Carregando na bagagem o eu fragmentado, o eu inteiro, o eu agora, o eu criança, todos os eus ainda por vir.
Às vezes os mundos se distanciam e o sol não mais aquece, quando isso acontece, o melhor a fazer é mudar a direção, assim se evita os choques de satélites interiores e explosões de sentires nas próprias mãos.
O tempo corre, o tempo afasta, o tempo une, o tempo ampara...
Será que o tempo repara?
O céu separa... O céu agasalha...
As andorinhas já fazem festas, fazem malabarismo no céu e o eu andorinha solitária voo sem rumo, voa no céu do sertão ao leu.
As asas só a si pertencem, são de sal e cera, são asas de passarinheiro que voa em busca de direção.
...E voa porque o voo é escolha.
JP03022013