MULHER: UNIVERSO DO INESPERADO
Mulher é universo único que a tudo lembra, como se fora ontem... Cérebro de elefante: inapagável memória sobre fatos e situações vividas. Lástima que as sequelas do dia a dia deixem nela tão fundamente suas tatuagens como a imagem frente ao espelho. E na face marcas profundas visíveis aos olhos do interlocutor no brilho do mesmo espelhar... Porque neste belo espécime o afeto e a entrega no amar (e seus fetiches) têm sempre a aparência do “nu” a que nos resumimos, no penhor do ato e seus prazeres. O fauno-homem lida com os escaninhos da memória e a reverberação do prazer: o dito, o visto e o feito. A mulher constrói-se na possessão do instante e libação do futuro, como se trajasse promessas e um personalizado vestido de noiva, imolada ao cotidiano. Repete-se no ser feminino a historinha dos contos de fada, a cada vez que se oferece como dádiva. Há uma incessante busca do objeto amoroso, aquele a quem ela se faz (ou fez) entrega e oferenda. Assim como na Poesia, na mulher está o indecifrável... A Poética é despojo psíquico airoso, cuja feminilidade tem inimagináveis dengos e agrados. É nela que o feminino ganha a sua melhor dimensão. É mulher a metáfora que me trouxe e me sustenta no mundo dos afetos e suas fugas...
– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4177685