Despedida
E então, suavemente, sinto o vento secar o que restava da minha última lágrima. Minha pele parece repuxar; parece sentir minha dor. Essa dor que não é física. Inevitavelmente me disperso através da janela. Observo aquele mesmo vento suave sacudir aquelas árvores que se mostram tão fortes. Mas a fragilidade consiste quando lhes é arrancada algo. Deparo-me com uma chuva de folhas verde-amarelas. Deixo-as entrarem pela janela, tocarem meu corpo e preencherem o vazio. Sinto, pela última vez, sua presença nessas folhas que, ora me alegram ora me perturbam. Mas é preciso recolhê-las, deixá-las junto à matéria, nesta decomposição que a natureza lhe presta. Assim também o deixo, fragmentando-o em cada pequena folha em processo e me despeço, pela última vez, daquele que jamais voltará.