Seca no Ceará
Estou falando aqui do sertão do Ceará; que nessa forte seca chovam mil idéias para tirar os meus conterrâneos da seca e que venham soluções geniosas para salvar o meu povo.
Nessa seca tremenda, simples palavras não bastam para um poeta, para um escritor de carteirinha, mas apenas retratar uma lástima, um pesar, ou uma forma de consolo para algo inconsolável. Bem queria ter idéias geniais, uma forma de solucionar esses problemas, ou, quem sabe, “roubar” a cornucópia dos deuses míticos.
Eu queria que esse imenso Brasil fosse unido e que fosse uma nação integrada, mas estou “velho” para ideais. Aos poucos, eu vejo a agonia se espraiar pelos quatro cantos dos sertões, e se alastrarem morte e destruição, desde árvores a animais. Eu queria ver vida, de chover mil idéias, de ter uma mente fecunda, mas as únicas gotas são aquelas que saem dos meus olhos desolados.
Eu tento imaginar e ter fé que um fruto de mandacaru possa ser um sinal de novos tempos e de novos ares, mas não passa de uma feitiçaria de minha mente.
Não resta nada, mas esperar pela sentença maldita do tempo, do deus impiedoso Cronos para que sejamos tragados de uma vez, ou sermos poupados para tempos melhores. Esperar não é saber, mas nesse caso, na falta de recursos, de boa vontade política, é o único bem que nos resta, quer seja, de termos a santa paciência de um asno trabalhador... E lentamente caminhamos para novas terras em busca de novas soluções...