Tudo é breu
Tudo é breu, inclusive eu
A noite escura, todos dormem no abismo profundo. Ninguém ao telefone, ninguém na rua; tudo é breu, inclusive eu em minha solidão.
Busco os amigos, os inimigos, os desconhecidos, mas ninguém me ouve; nem mesmo Deus. (Ou será que eu não o ouço?). Aqui tudo é breu, inclusive eu!
Quando não tinha por mim mais que um travesseiro, tardes quentes de domingo, um punhado de mosquitos, e livros do Érico Veríssimo, era muito mais feliz. Me reconheci e descobri em Ana Terra, Clarissa, Valéria, Floriano, Vasco, Rodrigo, até no Urso-Com-Música-Na-Barriga... E, de repente, tudo se passou, se perdeu e, agora, aqui tudo é breu, inclusive eu.
Precisava de tão pouco para ser feliz, e não enxergava. Quero cair, me desfazer em folhas de outono para renascer em primavera e restaurar minhas energias, me fortalecer e tentar mudar de vida, para desfazer esse ambiente onde tudo é breu, inclusive eu.