Sobre a loucura de alguém que já se perdeu e não sabe se reencontrar.

“Eu não escrevo sobre solidão. Não escrevo sobre a chave em minha mão. Não escrevo sobre aquela antiga paixão. Eu não escrevo sobre os momentos de tensão. Não escrevo sobre desilusão. Não escrevo sobre a perda de inspiração.

Eu não escrevo sobre o fim da estrada. Não escrevo sobre a estrada de mão dupla. Não escrevo sobre a contramão. Não escrevo sobre a falta de direção. Não escrevo sobre a perda da razão. Não escrevo sobre o fim de uma ilusão.

Eu não escrevo sobre amores. Não escrevo sobre a falta deles. Não escrevo sobre corações partidos. Não escrevo sobre lágrimas. Não escrevo sobre abraços. Nõ escrevo sobre olhares. Não escrevo por pesares.

Eu não escrevo sobre compaixão. Não escrevo sobre falta de atenção. Não escrevo sobre desprezo. Não escrevo sobre você. Não escrevo sobre nós. Eu sequer sei escrever sobre mim. Eu não escrevo para ter nexo. Eu não tenho. Eu não escrevo para fazer sentido. Eu não faço. Eu não escrevo para me encontrar. Eu só me perco. Não escrevo para me salvar. Eu fiz moradia no abismo que se encontra a minha frente. Eu não escrevo para não cair no precipício. Eu pulo. Eu não escrevo para mim. Eu não escrevo por mim. Eu nem sequer escrevo.”