O poeta e o alfaiate
Para se vestir com elegância e desvelo, a alma precisa da boa textura vocabular. É a presença da alta costura, no íntimo, com a linha invisível da mais pura seda, que alinhava com esmero pleno de quem sabe conduzir os fios. Isso dispensa molde. É aí que penso no ofício do alfaiate quando o corpo, este invólucro sensível, requer seus préstimos para ocultar as suas formas.
O alfaiate põe as mãos no tecido, franze o cenho, analisa a textura, pensa, dedilha e começa a rabiscar...
Com o poeta não é tão diferente. E, cada um, com a sua ferramenta em mãos, solitariamente, começa a travar uma (in)gloriosa luta:Para se vestir com elegância e desvelo, a alma precisa da boa textura vocabular. É a presença da alta costura, no íntimo, com a linha invisível da mais pura seda, que alinhava com esmero pleno de quem sabe conduzir os fios. Isso dispensa molde. É aí que penso no ofício do alfaiate quando o corpo, este invólucro sensível, requer seus préstimos para ocultar as suas formas.
O alfaiate põe as mãos no tecido, franze o cenho, analisa a textura, pensa, dedilha e começa a rabiscar...
O alfaiate rasga o tecido.
O poeta devora as palavras.
O alfaiate segue o molde.
O poeta persegue a ideia.
É assim que livram da nudez corpos e almas.
Imagem: Google.