FETO ORDINÁRIO

Hoje eu tive um pesadelo, onde o passado se confundia com algo superior, passeando sobre um novo pensamento senti a presença estranha da morte como se fosse uma maneira de me sentir viva, consegui entender á mensagem como devemos nos transpor para outra realidade artística, como um senso fora do comum.

Desorganizar o organizado, ousar cada vez mais pra chamar pra si a beleza da arte precisamos sentir através da arte, correr mais a frente do sol. E o que fiz ao nascer Foi exatamente isso, voltar às pessoas para uma nova consciência artística repassar a originalidade da arte e chamar a atenção do cidadão.

Agora é a hora de escancarar a arte de outra forma, mudar o imudável essa é a ideia, mas como fazer isso? Como retransformar o que já foi por séculos, como responder perguntas. Que não se encontram devidas respostas, devo me jogar nessa arte como forma inevitável de autoconhecimento? Mas se temos a arte ao nosso favor o porquê de reinventá-la tanto para precisar mostrar o patético contemporâneo em forma de estética? Como morrer na praça debaixo de um sol escaldante? Quero Algo pra atingi a sociedade, mover a comunidade. Mostrar arte em formas de traços, notas musicais e um poema sem amor. Por que se for pra fazer isso quero ser artista visual, mas não quero contemplar o que a sociedade impõe, estou cansada de ouvir, isto ou aquilo, não quero ser medíocre, não posso mais. Quero sim conhecer e repassar arte, viver e entender a sociedade como arte e cultura.

Quero voltar ao ponto inicial, mergulhar anos antes de Cristo ou o evolucionismo, como um feto ordinário que fui no doce ventre de minha mãe, na originalidade da loucura, mergulhar no rio de amor sem fim e não voltar sã.

É preciso enlouquecer, é preciso também mexer na ferida de cada um para encontrarmos a essência muitas vezes já perdida.

“Ás grandes coisas exigem silêncio, ou que dela falemos grandeza: com grandeza significa: com cinismo e inocência”.

(Nietzsche; Além do bem e do Mal, pag.173).

Abordo de forma descarada todo o cinismo que tenho diante da sociedade e sinto que não há uma satisfação interna. Ousa o que vou dizer em um relato absurdo, que preciso de uma camisa de força, saciar a minha fome de criar o que o meu coração já não suporta reter. Meus olhos negros absorvem artitiscamente tudo e não devolvem nada, agora vou sentar pra descansar, a minha vida toda é um descaso na morbidez de meus sentimentos e quem sabe mais tarde possa desfazer todos os meus maus sentimentos que me põe tão horrorizada, O tempo não volta.

E me ponho em um choro compulsivo penso nesse descaso que acontece todos os dias sobre minha cabeça. Agora é a hora de falar abertamente, estou fora desta podridão. Estou embaixo de um céu cinzento com nuvens carregadas de imoralidades e hipocrisia. Perdoe-me, mas já passou a hora de acreditar neste senhor barbudo de roupas brancas e mantas negras, sou uma pobre coitada que já não sabe fazer uma oração, e diante de minha perturbação.

Mordo-me todos os dias, por que me sinto só. Só numa multidão de arte educadores ignorados e encurralados diante de problemas aparentemente fáceis de resolver, mas nunca serão resolvidos, por um torpe motivo, não podemos mudar o sistema, e por isso ainda irei ouvir muito “te emenda arte educadora” ou cai fora.

É um disparo de uma arma poderosa bem no meu coração, e cada vez mais sinto que não posso ser quem eu sou, insatisfação essa é a palavra-chave. Não espero mais nada da educação no Brasil. Enquanto houver reitores medíocres, professores assassinos, estudantes sem defesa, e não levados a sério, diante disso qualquer dias desses entrarei em uma universidade com uma arma na mão, e abrirei um fogo libertário, contra esse discurso podre que estou cansada de ouvir.

Preciso de mais aperto de mão, perdi a calma agora. Casualmente estou indo ao encontro de minha liberdade de expressão, mas ainda sinto cheiro de sangue. O gosto amargo ainda continua forte na minha boca, ainda é noite vou esperar o dia amanhecer, é estranho a minha libido.

Estou de mãos vazias podem vir, me apedreje eu não importo eu aguento, estou sabendo estou sentindo, mas ainda não posso pegar, chega quero tomar nota de algo diferente, eu sei já ouvimos tudo isso antes.

Mas aquela pergunta ainda continua latejando, doendo como um câncer maldito que se estalou no meu corpo,

Em poucas palavras irei destruir o meu corpo, refazer o meu organismo, implantar arte de uma forma não censurável em cada célula minha, em um silencio total saber o quanto esta valendo a minha vida, não tem ninguém que mereça saber. Às vezes a noite o que eu vejo quase ninguém ver. E de agora em diante todo tempo pra mim é pouco, minha vista ficou turva o que estou vendo não me agrada. E continuo de mãos vazias, mais tudo está tão diferente, como se eu quisesse lembrar coisas que nunca vi como se eu estivesse andando ao encontro de um precipício, e sinto o meu corpo cair e não posso mais parar minha cabeça lateja, dói em uma dor lastimável.

Ah esse frio que nunca acaba esse calor que me dá de vez em quando, essa vontade absurda de morrer.

Esse fragmento de uma insatisfação pessoal, entre o medo e o pudor esqueça atravesse a rua e se jogue em baixo de um ônibus á meia noite, aprendi a lutar contra eles, mas sou exatamente igual a eles, e só agora percebo que o meu sorriso ficou amarelo diante dos homens maus.

Mas sempre foi assim e sempre vai ser, por favor, não tente me entender. Estou de olhos fechados tentando enganar meu coração, agora preciso do calor da morte estou sentindo frio, e isso dói demais, ontem descobrir que somos uma evolução de merda, abra os olhos e o coração e não anistie ninguém, o terror ainda continua.

Venha flerte com o perigo, de vez em quando alguém abre a janela e diz que me entende, mas nunca quer saber o que se passa ao meu redor apesar das marcas que fiz no meu corpo, e esse vazio só eu conheço é um tormento saber que a maldade anda lado a lado com as pessoas.

E eu já não posso fazer nada, infelizmente meus olhos estão pesados e sinto cada vez mais perto a presença estranha da morte, queria voltar ao tempo, o tempo que era criança e não tinha medos e anseios e muito menos preocupações, não tinha vontade morrer nem de matar.

Já não posso sentir ou causar qualquer tipo de sentimentos, não espero nada do meu País, acabou o patriotismo a ganância está no ar, o poder publico a politicagem, o mal prevalecerá, é inútil não acreditar nesta linha de pensamento, somos cavardes, adoramos uma desordem estamos a mercê de um mal necessário e o ciclo está cada vez mais fechando, e estamos imprensados quase esmagados.

Mas ainda não encontrei respostas para a minha pergunta, o que será o que ainda posso sentir, não sei e talvez nunca irei saber, as autoridades não me respondem, professores também não, meu pai muito menos.

"A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum.” (MacBeth - Reinado de Sangue pg:85 Shakespear).

Começo por “MacBeth - Reinado de Sangue”, por tão irracional que eu seja não consigo ver que eu estou do teu lado. Não consigo ver, por exemplo, o amor além das entrelinhas, o que bem sei é que estou doente. Foi num momento de embriagues que conheci Shakespeare, além da loucura e da indecência que me assombra diariamente.

Foi a partir daí que nunca mais tive medo da estrela de Salomão. Que carrego tatuado no meu pulso, o fato de sempre ter me sentido sozinha. Não impede de desejar tanto uma nova criação, e querer beber teu sangue como um licor delicioso.

ENSAIO POETICO, PROSA E POESIA.

Pequenos fragmentos: De uma insatisfação do poder público a partir do feto ordinário.

Small fragments: From a dissatisfaction of government from ordinary fetus.

GLEICE KELLY SOUZA MEDEIROS, ARTES VISUAIS; UFPA; 2013.