DIREÇÃO DO INEXPLICÁVEL

Pedro, dos olhos cansados, das vestes soltas, carrega nas costas vinte e tantos anos e no peito mais de mil desilusões. Em busca do sentido do amor lançou seu barco pelas agitadas águas. Na barba por fazer e nas expressões da tez estão escritos todos os dias que em vão se passaram. Pelos fios de suas costelas o vento canta e toca as canções nas quais as ondas dançam.

Encontrou sereias que as certezas lhe roubaram, devolveram-no apenas as interrogações que em sua coleção guardou.

Pobre homem naufragou sem obter respostas. Mal sabe ele que a poesia do coração não se explica nos caminhos do mar, nem do deserto, nem dos bosques, tão pouco da vida.