REFLETINDO !
Ela sempre me convida para dançar mas eu, inseguro, aceno timidamente um sim com jeito de não.
Ela, por outra, me convida para uma conversa; a sós e eu, novamente sem jeito, dissumulo.
Complacente, ela insinua desistir de mim e desaparece em meio aos meus dias e noites.
Dias sem revê-la e sinto saudades; até mesmo desejo. Lamento a própria covardia e esqueço.
Há quem me critique por não haver sido mais direto, pois que sabedor do quanto eu a queria.
Há quem, diariamente, por me querer bem, sugere-me ir atrás dela a desculpar-me.
Eu próprio já convencido dos meus sentimentos, ninguém mais quero ouvir e parto.
Ao me deitar, a lembrança dela me alcança e todas essas vozes a me culparem, sinto pânico!!!
Inquieto, arfante e suarento me levanto e vou à janela como um tolo a procurar por ela.
O frio e o vento forte me açoitam de volta pro leito. Eu, finalmente e sem ela, durmo.
Nasce outro dia e, tal como um verdugo de mim mesmo, insisto em na cama permanecer.
Não há outro motivo, ou esse me falta. Viver é preciso e deitado ela não me há de querer.
Furtivamente me levanto, à esconder-me do sol que a essa altura já me alcança.
Até que, finalmente, ao sair à rua, me reencontro com ela e quase já não acredito.
Os mesmos olhos, vívidos, inebriantes me fitam da mesma forma de antes.
Com passos firmes e corpo ereto, me apresso em sua direção, agora decidido.
Respiro profundamente; relaxo e busco na memória o melhor que me possa lembrar a fim de conseguir inspiração.
Ela indiferente aos meus passos, se mantém ali; altiva, soberana, olhar distante.
Vacilo por alguns instantes, temendo, desta feita, mostrar-se ela agora engano.
Insisto e de lado ponho o medo, pois que para desistir que certamente ainda é cedo.
Me aproximando dela, finalmente, me declaro e ajoelhado aos seus pés eu suplico:
Me perdoes por haver me recusado a entregar-me a ti ainda no começo,
Fui doidivanas, inconsequente; como cão cego não a percebi nem a essa luz.
Ela então me acarinha o rosto, me abraça ao peito e eu me declaro então:
Oh... Fé Bendita, não imaginas o quanto de ti necessito !