O TEMPO DO AMOR

O tempo do amor!

Ah, qual é o tempo do amor?

Será na juventude?

Na maturidade ou na velhice?

Quando jovem o amor flutua como nuvens de algodão-doce colorido.

Tudo é permitido,

Tudo é possível,

A até o mais impossível torna-se o mais provável.

E o amor então desabrocha ardente como uma tocha

A consumir os sonhos para na maturidade poder entrar.

O amor na maturidade tem a urgência da idade

E a urgência de ser concreto, direto, profundo e absoluto.

Não precisa girar o mundo, porque a presença nunca está em aberto.

Nessa altura, o amor tem que ser validado, coerente, conciso e participado.

Ele não pode ser solto ou deixar fendas

Ou o lobo foge pelas restas

Fazendo mil peripécias

Até o seu cio saciar.

E a loba solitária, não mais acompanha a matilha,

Resignada, aguarda o retorno, ressentida.

Fingindo bordar na vida,

Castelos e amores infindos,

Para a sua dor poder suportar.

Na velhice todos os pecados são relevados,

As traições são lavadas,

As magoas enxaguadas,

Os ciúmes são castrados

E a na imensa colcha de retalhos de decepções

Aparecem agora as flores rosa da harmonia, da cumplicidade e da gratidão.

O futuro é curto

Não há perda de um só minuto

E o mais absurdo é que quando tudo está nos eixos

A vida tem um pretexto de ter que acabar.

A vida acaba,

Mas o amor transcende,

O que não impede de uma vida nova poder começar.

E aí então eu me pergunto

Qual é o tempo do amor?

By Nádia Ventura