AMANHECENDO !
Amanheci soturno embora houvesse luz do sol e antes do meio-dia,
Trôpego qual bêbado, arrastei-me para dentro das roupas e saí.
Fui ter comigo noutro lugar, em campo neutro, prá me julgar.
Olhares traiçoeiros me fitavam como se procurado por crime fosse.
Olhei-me também à porta do banco e me vi murcho e mancebo.
Não deveria ter saído sem guarda-chuvas, pente e um dente de alho.
A quem procuravam aqueles olhares inamistosos, afinal ?
Cheguei a sentar-me em meio a uma praça, para refletir, me procurar !
Em outras manhãs tivera a mesma impressão ao me olhar no espelho...
Um estranho a constranger-se ao se perceber tão tacanho. Estranho ...
Não me calei, contudo. Sorri de mim e me chamei à razão. Acorda!
A corda ao pescoço que me colocara não me fazia justiça. Inocente ?
Eu era assim até bem pouco tempo; inocente útil e pouco letrado.
Quanta coisa passa pela mente de quem pensa ter razão. Infelizmente !
A dúvida é perene e é o que bombeia o coração a ritmo moderado.
O meu sangue não é azul mas me inquieta essa dicotomia com o vermelho.
O fato é que ando lendo pouco ou entendendo nada. As respostas, onde estão?
Vão-se já alguns minutos e eu aqui, na Praça. Não há nada de novo por aqui.
Acho melhor caminhar e tentar me achar algures, se não ainda hoje, depois.
Acho que vou escrever sobre essas questões e tentar reverberá-las por aí.
Quem sabe n'algum canto alguém encontre e me devolva as peças que faltam.
Entardece enquanto murmuro relendo essas coisas sem sentido. Que loucura !
O que será isso ? Arte ou delírio ? Mas... não estarei sendo redundante ?
Onde poderia, afinal, residir maior parte dos arrebatadores das letras ?
Ou, quem sabe, os artistas não seriam lunáticos a escreverem bobagens à rodo !
Não...definitivamente, não sou como eles. Sou mesmo um doidivanas.
Vou consumir esta folha com mais algumas palavras e pronto. Deleto ou guardo.
Talvez não. Amanhã, quem sabe, eu não acorde mais inspirado ?!
Enxergue, quem sabe, algum sentido em tudo isso.
Até mais !