DANÇA DO TEMPO !
Quando criança, não temos noção de tempo.
São tempos de alegria, de algazarras, de brincadeiras de relógio.
Põe a boneca prá dormir; fecha os olhinhos. Abre; acorda boneca!
Futebol de tarde, de noite e pela manhã. É gooooool! É festa sem hora.
O trenzinho sai da estação sem nome, sem parar, a correr como a luz.
Não pega ninguém, não deixa ninguém e não tem pressa; só (o) agora!
Mais tarde, bem mais tarde, às vezes nem tão tarde; a escola!
É hora do lanchinho, que hora mais feliz, queremos biscoitos São Luiz!
É a mãe, são as tias, as avós à levarem, à estarem, sempre atentas às horas!
Depois, mais tarde, ao começarem a reconhecer nas horas o tempo,
Se olham no espelho, aos mais velhos e querem logo vê-lo passar.
Ainda é curta a lembrança e apenas começa a ter memória!
Acorda! É hora da escola! Que chato, que droga!
Olha o quadro negro, escreve as primeiras palavras, articula.
Faz um desenho redondo, põe os ponteiro, números e, então, as horas!
Quero ser médico, advogado, dentista e eu, jogador de futebol.
Agora é sério, vamos todos conjugar o verbo passar... de ano!
Os pelos, as peles, os olhos e as pernas. Mudam todos, tudo ... com o tempo!
Vou me formar, vou me casar, vou trabalhar.
Vou sair cedo, chegar tarde. Eu vou viajar!
Por quê tão cedo, tão tarde e essa saudade que vai deixar ?
Tomamos noção do tempo quando vemos outra criança,
Reclamar da hora de ir pra cama, pois já é hora de cochilar.
Falta-nos memória, lembranças que outrora nos sobrava.
Já não sou mais moço, não há graça ver alguém que já não está.
Puxa! Nem parece ! Como foi bom, que tempo aquele; que solidão!
Pena que tempo passe, poucos fiquem, muitos vão sem as respostas e sem razão.
Ainda há tempo...