COMPLEXO !

Sei o que posso, sei o porquê do que digo, confirmo o que penso, faço o que falo.

Desfaço o que digo, esqueço o que posso, não sei o que penso e falo e não faço.

Não minto sobre o que posso, não nego que duvido e nunca esqueço de me lembrar:

A vida na contramão, o vento em sentido contrário, a chuva no frio e quente do não !

Para quase tudo há perdão quando a alma é leve e a língua não é ferina e covarde,

Quando as mãos que nos tocam às costas a nos cumprimentar não são as mesmas;

As mesmas mãos que, por detrás, noutra hora, nos cava a nossa própria cova. Talião !

Hoje em dia as certezas já não são as mesmas porque se tornou mais fácil desmentir-se.

Prometer e negar, abrir caminho quando esse não existe; tolher, iludir, furtar e herdar.

As crianças de hoje em dia já não são as mesmas; elas já não têm onde passear !

Os caminhos por onde vagam os nossos pensamentos são tortuosos; placas apagadas,

Iluminação precária, pontes ruidosas, curvas traiçoeiras. À noite ... não; nem pensar !

Não falo de honra porque essa anda queda. Palavra de homem ! Onde está esse homem ?

Em quais verdades veiculadas acreditar ? Quem ousa dizer a verdade diante das câmeras ?

Nunca na história desse País tanto se disse Sim; nós podemos ! Ou seria apenas igual apenas o final ...emos ? Sim, pode ser que seja isso. Quem se importa com isso não foi eleito !

Não sei o quê posso e posso ou seu eu devo ! Eu devo porque é pouco o que ganho. Tacanho !

Tudo aumenta nessa época mas quase nada sobe. Depende da idade ... da razão!

É tempo de folia, de dança e de doença. As águas de Janeiro já não chegam em Março.

Lixo nos rios, na valas, nos vales, no verde das matas. A praga que mata é o homem.

Odioso homem que não cumpre o papel; derruba árvores, enriquece a nossa pobreza.

Que pena ! Deveria haver uma pena para esses homens todos que mentem e que matam.

Eu sei o que posso; não me deixam que o faça. Eu sei o que digo, mas não sobre a massa.

O pão nosso de cada dia está mais caro e os nossos valores em baixa.

Há uma recessão mundial de solidariedade. De humanidade. Um vazio de verdades.

As geleiras da ignorância avançam e empurram os mares que nossas casas vão levar.

Talvez reste algum de nós; talvez... para essa história terminar.

Leandro JP Sousa
Enviado por Leandro JP Sousa em 23/02/2013
Código do texto: T4155043
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.