LETARGIA
O sol está no zênite.
Dormem as estrelas.
A água desliza mansamente
nas correntes.
A brisa está imóvel sobre a terra.
Desce até mim o calor da vida.
Nenhum ruído tange a paz
e o universo inteiro parece repousar.
O céu é uma enorme abóboda azul
tisnada de róseas nuvens passadiças.
É hora de inércia, hora de meditar...
...que vontade preguiçosa
de abraçar-me à vida,
procurar no infinito
a rosa do Pequeno Príncipe
esquecida sem redoma.
Tornar feliz o sorriso triste da Mona Lisa,
buscar a preciosa fonte da juventude
e em suas águas banhar-me.
Imergir em profundo sono, flutuando em éter
e sonhar...
Embarcar numa viagem sem destino,
com anjos dedilhando harpas
e assim permanecer para sempre
inerte e feliz
sem pressa de aportar,
nem hoje, nem amanhã,
jamais, em lugar algum!