
Estátua, ou fantasma?!
Apeguei- me a tantas coisas, que nem eu mesma sei o porquê de amealhá-las em meio ao lixo dos meus dias.
Mais uma noite de horrores! pois, abriram as portas dos meus infernos! anjos e demônios desfilam quase semimortos - vivos - por entre nuvens alinhavadas, que sobem mais alto... em direção a um quase nada... do que restou desta carcaça de esgoto; merda por todo lado; gemidos, e gritos surdos nas calçadas do infinito; calor e horrores aumentam sem parar no espaço delimitado do ocaso; ora dizimados na asfixiante luxúria da tarde, que, apenas arde e fede; tudo isso misturado na misturama de sonhos queimados de paz (àquela inatingível ou imperceptível a olhos nus).
E eu - daqui meio chamuscado pelas chamas viventes de escárnios sem sentido; vejo-os um a um, buscando o desconhecido; olho para fora do espelho retrovisosr dum carro estacionado na esquina do passado; vejo-me diante de uma estátua de mármore carrara, que resplandece... diante dum sol enganador; sou acotovelado pela insanidade, e me curvo com dentes quebrados; cuspo fogo cruzado na hora torta que agoniza - longinquamente; sobe e sobe mais alto em direção à luz maior que incide por entre as camadas dos meus olhos envenenados pelo sangue viscoso e pisado da dor.
Então, que se descortine este véu ofuscante... dentro de mim na tentativa de lubrificar as minhas córneas para poder enxergar um pouco mais além do tangível, que desponta, diante da fragilidade causticante e intemerata, que, de alguma forma acordou inúmeros temores, oriundos de outros fantasmas a ronronarem sem pedir licença - horas e horas a fio... sem pavio; e sem pedir licença.
Vejo assim com vendas ou sombras - mesmo que a carrocinha passe e leve tudo! não há como fugir; não há como sair sem se machucar ou ficar totalmente ensandecido.
Derramo vozes ocultas que se somam com esse labirinto escorregadio e encardido dos anos... Trombetas soaram...
E eu continuo perdido! mas, revestido... como pedra bruta estilhaçada e lascada... de tantos outros gritos.