EMBALANDO !
Nesse canto em que me encontro, faltam-me elementos,
Minha visão hoje está diferente; ela está menos aguçada.
Creio que a tristeza esteja mais aguda, mais sensata.
As expectativas menos intensas e eu, menos calmo.
Não procuro o diálogo porque me encontro entendiado,
Não quero ouvir sobre o ponderável, o comum, o inexato.
Quero escutar-me, reler-me, reencontrar-me e me perder.
Buscar o que já existe mas em qual gaveta procurar ?
Encontrar o que não procuro e ter coragem de descartar.
Algo assim, meio que comum e ao mesmo tempo, ímpar.
Nesse desencanto em que me encontro, faltam-me elementos.
Minhas expectativas estão ascendentes, elas estão povoadas.
Creio que essa inquietude seja algo palpável mas ... onde!!!!???
Onde encontrar a fórmula que desenvolví ontem mas guardei,
Qual gaveta remexer, qual lixo chafurdar, onde encontrar ?
Quero me desguardar e me guarnecer, escrever e não ler.
Encontrar o que não procuro e ter a coragem de descartar.
Nesse desalento em que me encontro, só desencontros a relatar,
A começar por querer me achar, me reler e depois deletar.
Quem sabe eu guarde naquele mesmo lugar; no da fórmula...
Só para depois ir procurar, mesmo sabendo não encontrar.
Essa procura sem rumo e sem lógica é o que me transporta,
Do canto para o encanto, do achado ao perdido ... do meu lixo.
Não tenho a fórmula tampouco a régua; eu apenas intuo.
Os desancantos amanhecem comigo mas não ficam até o final,
Faço-os perderem-se pelos cantos, em meio ao meu dia.
Almoço logo depois e à tarde me refaço para recomeçar à noite !
Assim vou me embalando para viagem e me consumindo no caminho.
Nesse canto em que me encontro, faltam-me presenças !