EMBALANDO !

Nesse canto em que me encontro, faltam-me elementos,

Minha visão hoje está diferente; ela está menos aguçada.

Creio que a tristeza esteja mais aguda, mais sensata.

As expectativas menos intensas e eu, menos calmo.

Não procuro o diálogo porque me encontro entendiado,

Não quero ouvir sobre o ponderável, o comum, o inexato.

Quero escutar-me, reler-me, reencontrar-me e me perder.

Buscar o que já existe mas em qual gaveta procurar ?

Encontrar o que não procuro e ter coragem de descartar.

Algo assim, meio que comum e ao mesmo tempo, ímpar.

Nesse desencanto em que me encontro, faltam-me elementos.

Minhas expectativas estão ascendentes, elas estão povoadas.

Creio que essa inquietude seja algo palpável mas ... onde!!!!???

Onde encontrar a fórmula que desenvolví ontem mas guardei,

Qual gaveta remexer, qual lixo chafurdar, onde encontrar ?

Quero me desguardar e me guarnecer, escrever e não ler.

Encontrar o que não procuro e ter a coragem de descartar.

Nesse desalento em que me encontro, só desencontros a relatar,

A começar por querer me achar, me reler e depois deletar.

Quem sabe eu guarde naquele mesmo lugar; no da fórmula...

Só para depois ir procurar, mesmo sabendo não encontrar.

Essa procura sem rumo e sem lógica é o que me transporta,

Do canto para o encanto, do achado ao perdido ... do meu lixo.

Não tenho a fórmula tampouco a régua; eu apenas intuo.

Os desancantos amanhecem comigo mas não ficam até o final,

Faço-os perderem-se pelos cantos, em meio ao meu dia.

Almoço logo depois e à tarde me refaço para recomeçar à noite !

Assim vou me embalando para viagem e me consumindo no caminho.

Nesse canto em que me encontro, faltam-me presenças !

Leandro JP Sousa
Enviado por Leandro JP Sousa em 21/02/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4151558
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