MEIO...
Tenho tido dias anômalos e circunspectos; quase não me reconheço. Tristeza ou ansiedade ?
Ambas e movido pela falta de perspectiva, pela solidão, pela ausência de esperança, vou me recontando, me relendo; tentando esquecer daquilo que me ocorre... que é dor!
Poderia ser pior ? Certamente que tudo pode piorar mas, nesses dias não creio. Ainda escrevo e isso significa que algum juízo, algo de positivo pulula aqui dentro.
Inspiração mal resolvida, ocupação sem culpa, frenesi... sei lá ! Algo incomoda!
As idéias verdoengas não me sugerem boa escrita mas o momento o requer.
Como vencer as lacunas desses momentos que me desafiam a preenchê-los ?
Como dar sentido a essas reflexões desconexas, a essa sensação de ostracismo nervoso ?
O jeito é caminhar entre as letras, me revirar, cavar bem fundo, buscar no mundo um tema que me aplaque essa pieguice.
Os dedos parecem ter pressa mas as palavras não brotam; parecem distantes e com preguiça.
Se tivesse o hábito de roer as unhas só teria os dedos mas é assim mesmo. Algo deseja brotar, nascer ou renascer; romper paredes, atravessar o umbral da mesmice.
É angustiante o processo de criação, porque abstrato, requer um brutal desapego da lógica. Descomunal !
Escrever sobre o que parece não fazer sentido é ao mesmo tempo revelar talento e falta de lucidez. Paradoxal ?!
O tempo me cobra ação e a reação não se revela concreta porque estou preso ainda.
Hei de vencer esse momento e me soltar das amarras do politicamente correto. É preciso !
Dar nome ao que me estimula nesse momento parece tarefa hercúlea. Desafiante !
Estou aqui, em meio a esse texto que me deixa meio tonto, meio bobo, meio besta !
Acho que esse será o título... sim; ficar no meio parece na moda. Não tomar posição, assumir o risco de não se posicionar e evitar os dedos em riste na cara. O meio me parece oportuno, porque sugere que houve um começo e assim criando perspectiva de um fim. Aforismo ???!!!
O meio de eu acabar com essa desagradável dúvida sobre divulgar ou deletar esse texto.
O meio não justifica os fins e nem sempre chega ao fim o que teve começo ou meio.
No fundo, na verdade, é tudo meio dúbio e inconsistente. Já é quase meio-dia !