A teia da aranha II
Durante o dia a face amargurada esconde os traços imperfeitos de uma vida infeliz.
Em minutos pingos de felicidade.
O hoje é um contentamento saudoso na espera da modesta noite, que em breve modificará o espaço, embelezando e obrigando tais sentimentos a se expor.
Então cai a noite.
Embora tantos caminhos imaginários, talvez na fuga da solidão de um dia em peso, eu não encontraria a paz que necessito e o carinho que me conduziria a rumos distantes e que, contudo, aliviaria minha dor e as dolorosas cicatrizes que penetram em meu pranto.
Com o transcorrer das horas as batidas do meu coração se apressam, daí em diante eu me sufoco por ansiedade, sou totalmente dominada por desejos e vontades.
Levo-me a loucura.
Dentro de mim verdades me surpreendem, saudade ganha espaço.
Sou cercada pela teia, que também me impossibilita de viver a realidade, de fazer o que eu quero e ter minhas próprias idéias e decisões.
Cobre-me toda a ponto de forçar ao uso de mascarás ocultas.
Sou minúscula, perdida, em uma enorme teia, que podemos chamar de mundo; essa teia por sua vez cresce me sufoca e toma conta de todo meu espaço.
Preciso crescer e ganhar forças, sair das garras do que eu mesmo criei...