Afinal, o que são as palavras?
As palavras são soltas.
Elas vão, elas vem,
podem doer,
machucar,
podem alegrar,
consolar,
atingir a um ou dois,
sempre vão chegar em
em algum lugar,
em alguém.
Flutuam leves ou pesadas.
Podem ser bonitas,
feias, estranhas, exóticas,
como borboletas em suas
novas asas.
As palavras são como pássaros
a voar, descem sobem,
cantam emoções,
assobiam sensações,
piam frustrações,
voam em diversas direções.
Com as letras pode-se
criar frases nunca antes
pronunciadas,
reações nunca esperadas,
situações inusitadas.
As palavras são livres,
elas descem, elas sobem,
elas andam, elas correm,
elas dançam nas pontas
dos grafites.
Elas param como o idoso
que já viu as transformações
do mundo, param para jazer,
quando caem em desuso.
Elas começam como uma
criança aprendendo a engatinhar -
tudo é novo. Logo se transforma
em gírias,
dialetos,
todos querem usar,
todos querem falar.
As palavras são como as águas,
vão como o rio que escorre
em seu leito,
podem ser fortes
e violentas em correntezas
submersas,
mas também podem ser
brandas e rasas,
basta saber seu vau,
ela é sempre doce,
transforma a garganta
do diabo, o véu de noiva,
em prosas, em belezas, melodias.
Elas descem nem sempre se sabe
o seu foz ou nascente.
Continuam no mar que as transforma
em ondas salgadas, correntezas fluentes.
As palavras são como os oceanos.
Precisa-se saber nadar para sobreviver
as diversas e infinitas quebradas.
Alessandra Martins