Te falta juízo?
Minha carne me surra a decência e apavora meu senso crítico, sarcástica, ela zomba das minhas refutações e se delicia nas minhas tentativas de forjar um não querer.
Minha alma, aprisionada em um corpo que já sente o passar do tempo, grita como se o tempo, este mesmo velho tempo, fosse apenas um adereço que enfeita com rugas aqueles que o permitem correr. Ela grita tal como adolescente, que alarga o riso ao perder o juízo.
Ela me diz: quanto te perderes da razão te encontrarás pro amor.
Que me falte o juízo.
Que me venha o riso e sobrevenha o amor sem tempo.
Que me falte o respeito e me venha o prazer, o prazer de fazer o meu querer, sem culpa ou remorso, sem ous ou outros.
Alma, carne, querer, poder, ab-rogados por uma mente que mente a moral, que faz mal àqueles que buscam viver seus amores, isso mesmo, no plural, pois não o sei definir em singular.
Percebo que o amor é amante do tempo e com tal se renova em cada milésimo de segundo, sorte tem aqueles que o tem renovado sempre pelo mesmo amante.
Sorte tem aqueles que não têm juízo...
Eu tenho sorte!
Mas e aí, te falta juízo?