Te falta juízo?

Minha carne me surra a decência e apavora meu senso crítico, sarcástica, ela zomba das minhas refutações e se delicia nas minhas tentativas de forjar um não querer.

Minha alma, aprisionada em um corpo que já sente o passar do tempo, grita como se o tempo, este mesmo velho tempo, fosse apenas um adereço que enfeita com rugas aqueles que o permitem correr. Ela grita tal como adolescente, que alarga o riso ao perder o juízo.

Ela me diz: quanto te perderes da razão te encontrarás pro amor.

Que me falte o juízo.

Que me venha o riso e sobrevenha o amor sem tempo.

Que me falte o respeito e me venha o prazer, o prazer de fazer o meu querer, sem culpa ou remorso, sem ous ou outros.

Alma, carne, querer, poder, ab-rogados por uma mente que mente a moral, que faz mal àqueles que buscam viver seus amores, isso mesmo, no plural, pois não o sei definir em singular.

Percebo que o amor é amante do tempo e com tal se renova em cada milésimo de segundo, sorte tem aqueles que o tem renovado sempre pelo mesmo amante.

Sorte tem aqueles que não têm juízo...

Eu tenho sorte!

Mas e aí, te falta juízo?

Rogério Nolêto
Enviado por Rogério Nolêto em 20/02/2013
Código do texto: T4149532
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