EMBRIAGUEZ
Hoje entardeci taciturno, acanhado, sem gosto.
Uma ponta aguda, contundente, feria-me como navalha.
Reconheci tal sensação como tantas outras mas ... diferente,
Essa trazia algo inusitado que ainda não sei bem explicar.
Misto de agonia, esperança, alegria e quase–choro. Paradoxal !
Movido ao canto em que encontro, só me restou escrever.
As letras sempre me pareceram alvíssaras, alentadoras. Umbral !
Através delas ou me chegam respostas ou um simples consolo.
E é essa magia que conduz aos versos que nos torna humanos.
Que nos permite descobrir o que há por trás das inquietações.
Não... ainda não consegui entender que sensação estranha é essa.
Estou em meio a um monólogo, em meio ao texto; à procura.
Na outra estrofe, quem sabe ela venha; aquela explicação.
Estou cansado, sonolento mas de alguma maneira, enfeitiçado.
Vou brincando com elas; as letras, os verbos, os versos.
Não há mais ansiedade a essa altura e alcanço algum conforto.
Agora já parece distante aquela tarde, que ainda é hoje.
De alguma forma, aquela languidez não passou de saudade.
Aquela dor, apenas um desconforto que as ausências nos trazem.
E aquela sensação... bem; aquela sensação eu ainda não reconheço.
Mas o quê importa se a essa altura eu às letras já recorri !