EMBRIAGUEZ

Hoje entardeci taciturno, acanhado, sem gosto.

Uma ponta aguda, contundente, feria-me como navalha.

Reconheci tal sensação como tantas outras mas ... diferente,

Essa trazia algo inusitado que ainda não sei bem explicar.

Misto de agonia, esperança, alegria e quase–choro. Paradoxal !

Movido ao canto em que encontro, só me restou escrever.

As letras sempre me pareceram alvíssaras, alentadoras. Umbral !

Através delas ou me chegam respostas ou um simples consolo.

E é essa magia que conduz aos versos que nos torna humanos.

Que nos permite descobrir o que há por trás das inquietações.

Não... ainda não consegui entender que sensação estranha é essa.

Estou em meio a um monólogo, em meio ao texto; à procura.

Na outra estrofe, quem sabe ela venha; aquela explicação.

Estou cansado, sonolento mas de alguma maneira, enfeitiçado.

Vou brincando com elas; as letras, os verbos, os versos.

Não há mais ansiedade a essa altura e alcanço algum conforto.

Agora já parece distante aquela tarde, que ainda é hoje.

De alguma forma, aquela languidez não passou de saudade.

Aquela dor, apenas um desconforto que as ausências nos trazem.

E aquela sensação... bem; aquela sensação eu ainda não reconheço.

Mas o quê importa se a essa altura eu às letras já recorri !

Leandro JP Sousa
Enviado por Leandro JP Sousa em 19/02/2013
Reeditado em 19/02/2013
Código do texto: T4148160
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