Inside

Ainda não sei se a vida é complicada ou se nós que a complicamos.

Ainda não descobri como lidar com sentimentos e muda-los.

Como me tornar uma mulher-de-aço, quebrar corações, como quebraram o meu inúmeros vezes.

Ainda não descobri quem foi o verdadeiro assassino dos meus sonhos, nem como voltar a sorrir corpo-alma-e-coração.

Não revelei meus maiores medos.

Não sei qual é de fato a fonte da minha felicidade.

É tão claro, estou confusa.

Descobri que muitas das minhas lágrimas são bobagens.

Vi numa tarde qualquer que para permanecer materialmente viva, eu tinha que me recriar.

E assim o fiz.

O projeto de nova criatura está inacabado.

Faltam peças, motor, talvez um chip de inteligência artificial.

É tudo muito novo. Não sei de muito, aprendi pouco.

Ainda sou jovem nesse novo universo que eu fui lançada, e eu não queria estar aqui.

Amava as borboletas que voavam ao meu lado, o lago cristalino e a casa de campo que me aguardavam num sonho bom.

O amor me acordando pelas manhãs com um beijo. Tudo tão perfeito!

Agora quando durmo tudo é muito negro.

Bonito, mas aterrorizante.

A realidade fere, mas prefiro essa dor consciente que uma ilusão boba e feliz, que me mata aos poucos.