ATÉ QUE ADORMEÇA


No silencio desta madrugada
Choro calada...
Não tenho razões para expor
Essa dor tão grande que me invade a alma.
Se o rosto é meu e o sorriso é do próximo,
Por que não mascarar a dor?
Afinal, a ela é minha, coisas da vida...
E já que o sono não me vem acalentar,
Por isso não consigo adormecer,
Então descrevo as mágoas que transbordam
Já desfeitas em lágrimas, até que me enxugue
O peito, naufragado num pranto que é só meu.
Vagueio entre as quatro paredes do meu quarto
Onde nem um reflexo me interrompe;
Então, já que só há o silêncio e a solidão,
Como testemunhas desta dor, poderei chorar,
Até que vencida pelo cansaço, adormeça.