Eu não sei de onde vem tudo isto que não tenho
E eu não tenho qualquer coisa disto tudo que vem,
Preso ao que tenho me mantenho com o que não vem,
Matéria disforme que me forma e que não mantenho...
E eu não sei.
Eu não sei a vida e a morte, os dias todos do tempo,
Eu não sei o que são essas horas errantes de antes
E de depois, passantes, desfilando cores tão berrantes,
Mirabolantes, tão fascinantes, e tão aterrorizantes...
E eu não sei.
E eu não sei manter por perto decerto tudo que não tenho,
Quando desperto eu ainda não venho, fico por lá, ausente,
Ou talvez distante, que o mundo dos sonhos não é depois,
Muito menos antes, que o sonho é um só a um só tempo,
E o é, a um só momento, um único sonho e todos os sonhos,
Assim como pode ser e é por saber ser somente nenhum sonho.
E eu não sei.
São só pobres lembranças tudo o que morre no esquecimento,
O que fica preso na efemeridade de um efêmero momento,
Enquanto a eternidade é um sonho de que sempre despertamos.
Nunca chegamos. Nunca chegaremos no ápice nem no fundo,
Não chegaremos ao que pode ser mais que profundo ou altíssimo,
Ou talvez levíssimo que nos elevasse em voo e nos levasse adiante,
Ou que relevasse todos os pecados que nós ainda nem cometemos.
E eu não sei.
Eu não sei do sagrado em mim consagrado ao que se perde no mundo,
Ou se é real ou divino, se diabólico ou imaginário, minha doce ilusão,
Ilusão sim, pois só me é muito caro o que idealizo e não o que realizo,
Não preciso de quase nada que não me dão para não ser o que não sou,
Pois que já não sou com tudo o que não tenho, nem mantenho, nem sonho,
E eu não sei.
Não sei o que é real e o que não é, fictício ou precipício, meus abismos,
Os sofismas pelos quais se admira tanto ouvir dizer o que nunca se disse,
Qualquer tolice sobre a vida e a morte a sina o ensejo de um deus no meio,
Ou uma vida além que não vem para quem não tem capacidade de mentir,
De se iludir com tudo tão pouco, com o rastro do resto daquilo que se foi.
E eu não sei.
Quando me sentei aqui achava que sabia, eu sei, talvez soubesse, talvez,
Quando trilhei a longa estrada achava que ia sabendo e seguia assim sendo,
Quando senti a vida a me correr pelas veias pensei ser isto sabedoria, seria,
Depois tudo era o tempo passar e tornar velho o que nascia e não nascia,
Tornar passado tudo o que vivia e tudo o que não vivia, tudo o que eu não via,
E eu sei que eu sabia num momento assim tão perdido e escondido no tempo.
E eu não sei.
Agora eu sei que não sei o que soube que sabia quando soube que sei que não sabia...
E tudo o que sei agora é que eu sei agora que sei que eu não sei...
E eu não tenho qualquer coisa disto tudo que vem,
Preso ao que tenho me mantenho com o que não vem,
Matéria disforme que me forma e que não mantenho...
E eu não sei.
Eu não sei a vida e a morte, os dias todos do tempo,
Eu não sei o que são essas horas errantes de antes
E de depois, passantes, desfilando cores tão berrantes,
Mirabolantes, tão fascinantes, e tão aterrorizantes...
E eu não sei.
E eu não sei manter por perto decerto tudo que não tenho,
Quando desperto eu ainda não venho, fico por lá, ausente,
Ou talvez distante, que o mundo dos sonhos não é depois,
Muito menos antes, que o sonho é um só a um só tempo,
E o é, a um só momento, um único sonho e todos os sonhos,
Assim como pode ser e é por saber ser somente nenhum sonho.
E eu não sei.
São só pobres lembranças tudo o que morre no esquecimento,
O que fica preso na efemeridade de um efêmero momento,
Enquanto a eternidade é um sonho de que sempre despertamos.
Nunca chegamos. Nunca chegaremos no ápice nem no fundo,
Não chegaremos ao que pode ser mais que profundo ou altíssimo,
Ou talvez levíssimo que nos elevasse em voo e nos levasse adiante,
Ou que relevasse todos os pecados que nós ainda nem cometemos.
E eu não sei.
Eu não sei do sagrado em mim consagrado ao que se perde no mundo,
Ou se é real ou divino, se diabólico ou imaginário, minha doce ilusão,
Ilusão sim, pois só me é muito caro o que idealizo e não o que realizo,
Não preciso de quase nada que não me dão para não ser o que não sou,
Pois que já não sou com tudo o que não tenho, nem mantenho, nem sonho,
E eu não sei.
Não sei o que é real e o que não é, fictício ou precipício, meus abismos,
Os sofismas pelos quais se admira tanto ouvir dizer o que nunca se disse,
Qualquer tolice sobre a vida e a morte a sina o ensejo de um deus no meio,
Ou uma vida além que não vem para quem não tem capacidade de mentir,
De se iludir com tudo tão pouco, com o rastro do resto daquilo que se foi.
E eu não sei.
Quando me sentei aqui achava que sabia, eu sei, talvez soubesse, talvez,
Quando trilhei a longa estrada achava que ia sabendo e seguia assim sendo,
Quando senti a vida a me correr pelas veias pensei ser isto sabedoria, seria,
Depois tudo era o tempo passar e tornar velho o que nascia e não nascia,
Tornar passado tudo o que vivia e tudo o que não vivia, tudo o que eu não via,
E eu sei que eu sabia num momento assim tão perdido e escondido no tempo.
E eu não sei.
Agora eu sei que não sei o que soube que sabia quando soube que sei que não sabia...
E tudo o que sei agora é que eu sei agora que sei que eu não sei...