Pobre alma
Porque pobre alma, se assunta quando vê gente?
e sofre por escrever assim, tão demente?
Pobre alma, porque tu andas tão vazia e só?
Vagando parada sobre os restos e o pó.
O pó do qual teu corpo desfaleceu
e pobre da carcaça que há muitos sofreu.
Alma que sente os vermes lhe roerem
sob a cova as carnes adoecerem.
Excomungue o verme sujo que lhe suga
deixe escorrer a lágrima que não enxuga.
Pobre da consciência que não se perdeu
alma que lutas, porque não morreu?
Dance com a morte, dance nos túmulos
dos esqueletos sem sorte.
Ascenda uma vela e vá sempre na sombra.
—Só existirá trevas onde há luz;
mas é a luz que me assombra.—