A decisão estava tomada. Para que a liberdade tão sonhada acontecesse, era vital que as amarras se soltassem. E, mesmo havendo sofrimento na partilha dos elos, era inevitável isso acontecer. Aos poucos os nós foram sendo desatados, aos poucos partiram-se as ligações existentes que a impediam de alçar vôo. A dor visível, presente, mas necessária.
O destino, ah, o destino. Destino, rumo ou destino que traça rumo? Pouco importa, desde que se faça algo para romper a monotonia, o desejo de aceitar por aceitar, a vontade de estagnar, a vida vivida, quase não vivida, vegetada. Então, tudo vale. Mesmo que seja penoso o caminhar, mesmo que seja solitário o caminhar, mesmo que seja desconhecido o caminhar, já terá valido á pena. A tentativa de virar o jogo, de se expor, de se lançar na vida aparentemente à troco de nada, de dar a cara à tapa, já se justifica. A mudança, por pior que seja é mais válida que a petrificação. Enraizar ficou para as àrvores. Somos móveis, soltos, somos livres. Somos descobridores de novos caminhos.
Foi com esse pensamento que ela acordou para um novo amanhã. Talvez não tão brilhante, mas certamente um amanhã real. Necessário se fazia que se despisse do passado, que rasgasse o presente, que mergulhasse de cabeça no recomeço.
Nada de bagagem que a fizesse relembrar o vivido, nada de pessoas que só a fariam desistir do novo sonho, nada de projetos mirabolantes, apenas essa vontade enorme de sair da casca, de viver até as últimas consequencias tudo que pudesse ser vivido.
Assim ela partiu... partiu nua rumo ao desconhecido. Partiu em direção à vida. Estava nascendo uma nova mulher.
Que tenha encontrado seu caminho!