FRIAS PALAVRAS
FRIAS PALAVRAS
O que existe dentro do ser é a transparência
As palavras por demais rebuscadas me soam vazias
Não falo de metáforas, essas também respiram,
Falo de palavras frias, de rigidez cadavérica
Pleiteando subir ao palco dos vivos
Dos que sentem as batidas do coração
Dos que veem o líquido correr nas veias
Dos que fotografam o som de um suspiro
Dos que encostam o crânio contra a parede
Sentindo a maciez de um travesseiro sonhador
Dos que vêem nas pedras uma imensidão de vida
Nas ondas do mar uma avalanche de histórias
Nas lágrimas uma poesia
Dos que vêem nos olhos uma porteira aberta
Dos que não sabem olhar sem fantasias
Dos que dançam na lua
Dos que brincam na palma da mão
da rua
Dos que permitem o seresteiro no peito
a sua viola tocar
Dos que vivem para viver o verbo amar
Dos que nem sabem o que precisam perdoar
Dos que fecham os olhos na hora de acordar
E abrem o coração para trilhar caminhos
Que as frias palavras
aconcheguem-se e aqueçam-se nesse ninho!