DIA CINZENTO
A neve caiu por toda noite, o dia amanheceu cinzento, dando ainda mais destaque para a neve alva, que se acumulou no chão.
De minha janela, vejo os flocos de algodão cair com vontade do céu.
A previsão, para hoje, é que uma nevasca de grandes proporções venha me visitar.
Observo os patos selvagens saindo das águas do rio, e vindo se sentar sobre a neve fria. Ficam reunidos, bem juntinhos, formando um bloco compacto.
São poucas as pessoas que avisto de minha janela. Um homem caminha, de galochas, sobretudo preto, e um gorro da mesma cor. A neve cansada, deitou-se sobre os ombros dele. Agora, ela, terá que ir, para onde ele for.
Um turista, corajoso, encosta-se na grade do pier, e tira fotos.
Gaivotas, pousam ao lado do grupo de patos, e também ficam recolhidas, em silêncio.
O dia parece que dorme, coberto por uma cortina acinzentada que desce do céu.
A neve me lembra, lágrimas brancas a bater em minha janela, e me faz imaginar, que anjos comovidos com tanta dor, que campeia pelo mundo, dão vazão a comoção que lhes vai na alma.
(foto da autora: Williamsburg)