PRESERVAÇÃO
A ilibada corte não corta na própria carne,
não lhe apraz o desconforto ver-se mutilada
Porém, àquele que lhe parece estranho,
não titubeia,
levanta o facão e lhe decepa a cabeça
É unida qual irmãos univitelinos,
o que um faz, o outro, de prontidão,
levanta-se em sua defesa
Essa classe,
alimentada à polpudas despesas,
é insaciável e procria-se às mil ninhadas
Tem por hábito sacro
a veste negra dos tempos obscuros
Forjara-se sob a máscara da justiça,
mas, sabe-se a história verdadeira,
não foram Barões os enforcados em praça pública
Assim os tempos foram avançando:
o Homem chegou à lua,
Descobriu-se as benesses da penicilina,
Clonaram um equino
Mas eles continuaram ali,
intocáveis e sacramentados pela Diké
A ilibada corte não corta na própria carne,
retorna ao ninho,
o pássaro de asas quebradas e bicos tortos
E a plumagem, outrora de linho e cortes magistrais,
desbotou-se, mas acarinhada pelos irmãos,
não tardará: será admirada por todos
Enquanto isso...
Casas serão derrubadas,
e famílias atiradas aos descaminhos da vida