MORDER O SENTIDO DA VIDA

Poetas são como crianças. Têm alma de cãozinho novo. Falam uma linguagem diferenciada, buliçosa, sapeca. O lúdico que sugere o gozo. Mesmo contando verdades dolorosas ninguém os leva a sério. Até o fogoso do amar se traveste na doçura que escoa na pinga, vinho ou uísque, fogo mortal no estômago. Ou mesmo a bala na têmpora, no coração ou no ouvido. A boca, mesmo sem dentes, morde o sentido da vida, e nunca adormece a pata desejosa do sexo. Colhe-se timidamente a flor, no lodaçal das vivências: um lírio branco na areia movediça do sentir.

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012/13.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4129153