Se não fossem devaneios, esse não existiria.
O que você faria se a distancia não existisse? Se não houvesse o medo? Se não sentisse dor?
Se fossem alcançáveis todos os desejos? Possíveis todos os sonhos?
Se não tivesse preconceitos, se toda forma de amor fosse aceitável, todo amor possível?
E se você pudesse fazer tudo? Se não houvesse julgamento, regras, padrões? E se tudo fosse permitido?
Se você pudesse ter qualquer coisa? Se pudesse estar em qualquer lugar, fazendo alguma coisa. Qualquer coisa.
E se depois você pudesse realizar outra aspiração?
Você saberia o que fazer primeiro? Ou ficaria planejando cada detalhe para que tudo saísse perfeito?
E se quando você decidisse enfim fazer alguma coisa chegasse o fim da sua vida?
E se você pudesse viver para sempre?
Mas, você não pode.
Você não tem todos esses "se". Você não pode estar a todo tempo perto das pessoas que ama, você não pode ter certeza de tudo, e há certos momentos na vida que não lhe resta mais nada além de arriscar.
Sentirá e causará dor inúmeras vezes; encontrará barreiras.
Você não pode fazer tudo o que quer, ou ter tudo que deseja. Não vai realizar todos os seus sonhos.
Você não tem a eternidade para dizer a todas as pessoas que você ama o quanto elas são importantes para você, para demonstrar tudo que sente. Você não pode prever quando será tarde demais.
Você não pode ter tudo. Mas, você tem a escolha.
Você pode tentar fazer alguma coisa, superar as barreiras, defender uma causa, quebrar preconceitos, convencer uma única pessoa de alguma idéia, ou quem sabe mostrá-la a boa parte do mundo. Você pode tentar fazer alguma coisa hoje, ou apenas sentar e sonhar com a perfeição, mesmo sabendo que ela não existe.
E se sua vida acabasse agora? Do que se orgulharia?
Se você tivesse a eternidade para fazer tudo, que dia faria?
Porque se todo dia pudesse deixar tudo para amanhã, você nunca faria.
Se tudo fosse perfeito pelo o que ansiaria?
Se você pudesse ter tudo, teria também a monotonia.
E se fosse real toda essa utopia, que sentido faria?
E se nada fizesse sentido, por que eu escreveria?