Sóbrio não dá.
Sóbrio não dá.
Que me entorpeçam as drogas lícitas ou não,
que entrem no meu sangue e modifiquem meu pensar,
tragam-me um universo paralelo.
Seja o chopp ao fim do dia que é legal.
Seja a fumaça que sobe pra cabeça e anuvia os pensamentos,
seja a força de qualquer sentimento banal,
mas sóbrio não dá.
Traga-me leveza.
Preciso enxergar com clareza o que a correria não permite.
Embriague-me de incertezas.
Que seja acesa outra luz,
mais clara, desfoque
daquelas que só em sonho se admite.
Quero mais prazer no toque.
Hoje eu quero a paz do reggae, a euforia do samba e a rebeldia do rock.
Se for possível, quero descer de nível,
Quero enxergar por baixo das saias,
por baixo de todas as vergonhas.
Quero cair na gandaia da forma mais indiscreta.
Só traga-me outro olhar,
Nessa vida vulgar, cansei de vislumbrar em linha reta.
Depois, largue-me num beco qualquer,
quero tropeçar na vida,
quem sabe assim do chão
me venha alguma inspiração
depois de vomitar toda a bebida.
Sóbrio não dá.
Por agora não preciso de sermão,
estenda sua mão amiga,
sirva-me outra dose e
vamos rir de histórias antigas.
Quando eu cair,
e eu vou cair,
que lá esteja sua mão,
apontando pra mim enquanto ri da minha desgraça.
Depois pedindo outra cachaça ao erguer seu velho amigo
de volta ao balcão.
Hoje é meu dia de lamentar e de mau dizer.
Então, sirva-me
Vamos rir das palhaçadas desse circo que é nosso viver.