Gostar
Paixão avassaladora que rompe a barreira do credo e põe-me na berlinda do próximo encontro. Arranca-me a razão e a substitui pela vaidade. Anula toda a fonte do certo e errado e a cada dia envaidece-me mais.
O espelho passa a ser o meu único companheiro e o telefone meu despertador noturno. E no meio do sono esclarece-me que ainda posso mais.
O coração dispara. A mão, sem um lugar certo, acena um desconfiado até breve. A boca e o palo seco é o termômetro da paixão. O sono, interrompido por aparições carnais e fantasiosas, onde uma noite só é pouca para viver.
Não vejo distorção entre a paixão e o amor. E o liame entre os dois é o gostar.
Gostar, que me faz calar diante dos teus erros, assim como o amor. Gostar, que me faz suar à tua espera, assim como o amor.
Gostar, que me faz perdoar, assim como o amor.
A lua que nos faz jurar encantos é a mesma.
O espelho que nos torna vaidosos é o mesmo.