Ela e as Favas
Foi então que lhe escreveu vinte poemas que não leu.
Foi então que decidiu mandar tudo às favas. Dizer-lhe adeus!
Mas, como dizer-lhe adeus se é inverno? se as férias estão às portas?
Como jogar a esperança pela janela e fingir que não viu?
Por que não esperar mais um pouquinho se a espera já foi tão longe?
E o colibrí veio hoje na janela, como fez da outra vez. Verdade!
Muito mágico isso, ficou parado no meio da janela batendo as asas.
E aí, como não lembrar? foi assim no ano passado. Ah, mas daquela vez foi depois da festa! por que veio antes agora? é um sinal? pra mandar tudo às favas?
Então lhe contou do medo, do pavor dos temporais. Riram juntos.
Porque os mancebos esconderam-se nas cavernas. Riram de novo.
Hoje a solidão voltou, o vazio voltou e ninguém ligou.
Até a culpa voltou, essa lhe explica, explica de novo, mas não entende. Fica bem grande, bem monstruosa, de dar medo. Nada feito.
Mas faz promessas. Não tocar, não cobiçar, não chegar muito perto e principalmente não sentir seu cheiro, essa parte é bem importante.
Funcionou da última vez, lembra?