O Cavalinho
Com a grosseria que se lhe podia adivinhar, abriu a boca desdentada e entre lufadas de mau-hálito falou e riu a um só tempo:
- Nêga, vendi o cavalinho. Vou tomar em pinga o bichinho ah.ah.ah.
No outro lado da rua, num cercado de arame farpado, um égua castanha, pequena e maltratada, não consegue entender o porquê de levarem uma das poucas coisas que a vida lhe deu.
As outras eram o cansaço, a fome, a sede, as chicotadas. Mas essas, ela nem procurava entender. Eram coisas do homem...