Saliva... a existência!

E ele me diz: _ O tal olhar "cogumelado" não sai do pasto...

Com húmus morno concebo a cama

dos nossos mais loucos sonhos

umidade a sorrir sem apego ao vento

que distrai as folhagens do aconchego.

Teu orvalho macio reluz na noite morna

e tal qual crianças bem amadas

os nossos pés brincam de se esconder

entre as brumas dos dias frios.

Esvai-se a tempestuosa insignificância!

A madrugada sussurra aos meus ouvidos

e chama os sapos, pirilampos, serpentes

para a festa dos mistérios e a

proteção das vestimentas!

Sorrateiramente, moinhos dançam

ao sabor das memórias... ecoam mitos

Ouço a cor da canção nos beirais distantes!

Regurgitamos, saudamos as vidas

que se entrelinham nas outras vidas:

Caos mordendo cosmos num ciclo cosminado!

Haverá futuro no soluço dos nossos dias?

Não importa toda a dor revelada!

Destarte, além dos gemidos, a beleza impera...

mortificada na mais incoerente das pulsões.

A existência verticalizada na história

derrama o fel e a doçura nos espaços ocultos

neutros, caducos, assombrados, distraídos...

E revela o rugido no espelho do abismo

dos paradoxais "desígnios" da comédia humana.

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 25/01/2013
Reeditado em 02/10/2023
Código do texto: T4103647
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