DEUSA DESNUDA

Chego a terra assim meio sem jeito

Como quem vem de passagem

Sem razão e sem defeito...

Abanco na infância

Sem saber o que é a vida

Vou correndo pelas campinas

Caçando as borboletas...

E um dia na juventude

Acreditando ser ela eterna

Vou brincando de heroína

Com a beleza feminina...

E quando já adulta

No vigor da vaidade

Faço as pazes com o tempo

Driblando a idade...

Me visto de deusa

Muito embora ainda desnuda

Descrevendo historias sobre a vida...

Registrando em palavras

Sentimentos e memórias

Muitas vezes esquecidas...

E os rios que guardam as águas

Passando por varias pontes,

Contornam meu castelo

Nas linhas do horizonte...

As matas que cobrem as montanhas

Bordam minhas vestes,

Em forma de natureza...

Desta deusa,

Embora desnuda.