Fechada para balanço!
Hoje me tranquei em mim para arrumar minha vida. Vou lavar minha alma, varrer minha existência. Jogar fora o que não me serve, sem doar a ninguém. Apagar velhas memórias, tirar o pó das ilusões perdidas... Vou esvaziar gavetas onde guardei tristezas, ensolarar o destino, destruir as teias de esperança que teci no tempo. Jogar fora as sobras de dores, enrolar tapetes que cobrem meus anseios.Vou polir vidraças que não me deixam fitar meus horizontes, Descortinar as janelas da alma para o sol da felicidade entrar.Vou clarear pensamentos, abrir as portas do coração para o amor.Vou estender meus sonhos em varais de alegria,coarar meus sentimentos.Vou vasculhar os recantos onde a solidão se aninhou, trocar guarnições que cobriam quimeras ...Vou desamarrotar meus planos cheirando a guardado de tanto esperar,exorcizar fantasmas que me perseguem, perfumar a vida... Afastar nuvens que nublam o céu dos meus desejos, rever sonhos desfeitos ,dar uma faxina no meu viver. Vou abrir baús, rasgar lembranças que não me servem mais,vou tirar fragmentos de passado que ficaram pelos cantos ,arrumar o presente para esperar o futuro.Vou revirar minhas mágoas,secar minhas lágrimas, reconstruir meu ser...Enfeitar de esperança os portais da minha vida.Consertar rachaduras que o tempo me abriu no peito, demolir ruínas que sobraram de mim.Espanar a poeira do caminho,apagar as marcas que embaçam as certezas, chacoalhar os galhos, derrubar frutos podres. Vou podar a vida,pra brotar amor. Vou hibernar em mim e renascer com a primavera. Plantar um jardim, arrancar pela raiz emoções daninhas, convidar borboletas que abram suas asas e me tragam liberdade. Construir caramanchões na entrada do coração, estender redes na varanda à espera que o amor venha se deitar, tecer cobertores de aconchego para quem quiser chegar,deixar meu caminho com cheiro de sol , jogar fora as recordações que me atormentam, vou dar uma geral em quem mora aqui dentro, vou despedir a quem me faz sofrer. Deixar comigo só o essencial.Me livrar de fardos que trago nos ombros, vou lavar em água corrente o que sobrou da existência,vou pôr a mesa e brindar a mim mesma.Vou entrar em obras sem causar transtorno, não farei desvios, não construirei atalhos...Quem passar por mim não me verá. Pedir ao vento que me traga nas asas um tempo de flores que deixem no ar um perfume de amor.E depois de alma lavada,com tudo arrumado,quem sabe eu consiga carregar o pouco que restou de mim.