Poeminha em prosa

 
Um maestro invisível conduz a sinfonia cósmica. Luzes e cores se harmonizam com os sons das aves e o murmúrio das águas do mar.  O ar e o azul são uma coisa só e as nuvens do céu lutam para coibir a monotonia e o absoluto do infinito. Há uma sintonia fina entre o cascalho movido pelo inseto e o surdo som do terremoto. Numa luta insensata, a harmonia do bem tenta impedir a confusão do mal. Luz e treva, som e silêncio, rancor e amor, vida e morte, se encontram, se difundem, se destroem e se consomem numa batalha contínua. O amálgama às vezes é assustador, às vezes é de uma beleza sem igual. No fim, as forças se anulam, o eterno equilíbrio se restaura. O feio justifica o belo, o belo existe por causa do feio. O eterno conflito recomeça só para se estabilizar mais uma vez.
Quando as causas e consequências se anulam, quando a estabilidade é quase infinita, olho para fora, pela janela, e vejo uma flor. Vermelha e imponente, quase agressiva em sua beleza. Majestosa, poderosa, ela se impõe. Então, sozinha, ela desequilibra, de novo, o meu universo.
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