CLAUSURA
A MASMORRA ÚMIDA FEDIA.
SUAS PAREDES SUADAS ESCORRIAM
VISGOS GOTEJANTES E FRIOS.
NENHUM MÓVEL NA CELA,
NENHUMA LUZ REBATENDO NA ROCHA CRUA.
HÁ QUANTO TEMPO ESTAVA ALI?
HÁ QUANTO TEMPO INSTAVA ALI?
PERDERA A NOÇÃO DO TEMPO,
PERDERA O NORTE, O RUMO, O PRUMO;
O SILÊNCIO TRAGARA A SUA VOZ
ATÉ O DIA EM QUE OUVIRA
O RANGER DOLENTE DA PORTA DE FERRO,
TÃO POUCO AFEITA AO ABRIR-SE,
RIBOMBANDO PELO LABIRINTO GOSMENTO;
TRÔPEGO, DESCONFIADO E LERDO,
REFEZ O CAMINHO DE TESEU.
AO SAIR DA GARGANTA MONSTRUOSA,
A CLARIDADE DARDEJOU SEUS OLHOS,
A BRISA LÍMPIDA CAUSOU-LHE VERTIGEM.
VOLTOU SOBRE OS PRÓPRIOS PASSOS
E PRIVOU-SE DA LIBERDADE;
E LIVROU-SE DA LIBERDADE
QUE LHE CUSPIRA DARDOS DE SOL;
QUEDOU-SE, MARAVILHADO, NO FUNDO DO FOSSO!