ela não é um amaranto. ela é um montinho curvado

No fundo da sala de cor vermelha havia um montinho curvado, a principio parecia estático. Mas se eu olhasse com mais atenção via um movimento que não mudava. Como se pra irritar o intruso atrevido que tentava entender o que acontecia, que tentava penetrar no seu claustro. Senti que estava rejeitado… mas não pelos seus ou pelos deles. Foi ela, aquela figura. Foi ele, o montinho que se enclausurou. Na minha opinião para se proteger, digo isso pelo formato de colina, talvez para dizer ao exterior que estava inalcançável e inabalável. Mas para mim só queria dizer que ela se achava alta o bastante para alcançar o céu, o sol. E que poderia viver só com a companhia das flores, as flores que nascem sozinhas. Mas ela não é um amaranto.

Sai daquela sala. Ela estava silenciosa, mas eu podia sentir a melancolia retumbando nas paredes rubras cheias de infiltração. Era um pulsar leve que me dava calafrios.

O ar frio da manhã bateu no meu rosto e trouxe, como sempre faz, a sensação de liberdade que só o lindo Zéfiro pode trazer. E mais do que tudo o alívio de sair dali. Refiz meu caminho, não mais de pedras como antes, mas de asfalto - preto que não retém calor, mas que regojiza todas as banalidades marginais. Não consegui chegar nem no meio do caminho, aquela casa e, principalmente, aquela agonia sufocante estavam me atraindo.

04.01.11

Luiza Veigga
Enviado por Luiza Veigga em 19/01/2013
Reeditado em 19/01/2013
Código do texto: T4093202
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