A CASA ABANDONADA
Todas as vezes, quando passo por aqui
fico olhando para ela.
Já tentei enxergar dentro, pelas frestas
de portas e janelas fechadas, mas
só vi pó e escuridão.
Minha curiosidade se aguça cada vez mais.
Este é caminho entre pedras, grama,
mato, flores, tudo em total abandono,
no qual tenho que seguir, todas as manhãs
quando vou para o trabalho.
Já me sentei no alpendre, onde pássaros gorgeiam,
catei seixos, apanhei rosas entre espinhos,
despetalei margaridas, pisei folhas secas retorcidas
que atapetavam o frio chão.
Que mistério cerca esta casa?
Quem aí habitou, quantas estórias viveu...
Foi feliz, amou, sofreu, chorou,
teve sonhos como todos nós?
Faz bastante tempo que ela está abandonada assim.
Desde que passo por aqui!
Queria desvendar seus mistérios e segredos
e sonho um dia,
ver portas e janelas abertas,
luz vindo lá de dentro
e seus donos felizes na janela,
dando, BOM DIA, ao me verem passar!